segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Bacalhau Dourado




Hoje publico uma receita que há muito tempo está na minha cabeça, mas sempre quando pensava fazer deixava passar. Como saiu esta semana no UOL uma receita do restaurante Tasca da Esquina, igual a que eu chamo de   bacalhau dourado e que comia na Espanha. Fiz ontem e agora publico aqui. É de uma simplicidade absoluta e super fácil de fazer, em vinte minutos você faz. 

Ingredientes  (para duas pessoas)

400 gramas de bacalhau 
3 ovos batidos 
1 cebola média cortada 
12 aspargos frescos (que podem ser substituídos por fava verde ou ervilha)
1 dente de alho picado
Sal
Pimenta do reino
Salsinha Picada
1 colher de sopa de azeite de oliva
1 colher de manteiga

Dessalgue o bacalhau, afervente e faça lascas. Enquanto isto prepare os aspargos. Retire a parte dura do pé quebrando com a mão, corte em pedaços grandes e coloque para ferver três minutos. As pontas não precisam ser fervidas. Esquente o azeite numa frigideira, refogue as cebolas e o alho e jogue o bacalhau, deixe cozinhar. Se precisar junte um pouco d'água. Prove o sal e se precisar acrescente mais um pouco. Junte as pontas dos aspargos e depois de 2 minutos junte os pedaços que foram aferventados. Eles devem estar ao ponto. Bata os ovos, despeje sobre o bacalhau e mexa para que não fique uma omelete. Salpique a pimenta do reino e por último a salsinha. Se for necessário corrija o sal Você pode servir este bacalhau com pão ou com polenta molinha e bem quente.

No norte da Espanha este bacalhau é servido como comida de boteco e fazia muito sucesso com um copo de vinho e pão. Você pode substituir o aspargo por ervilhas ou favas. Neste caso pode usar essas congeladas que a gente encontra em qualquer supermercado. Neste caso cuide do ponto de cozimento dos grãos. Você pode também dispensar o aspargo, as ervilhas ou as favas, mande-os às favas. É uma receita ótima pra ser feita com aparas de bacalhau.  Esta receita é pra Lalau e ela sabe porque.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Arroz com Linguiça ou Arroz de Puta Pobre






Arroz de Puta pobre é um prato muito tradicional no Rio Grande do Sul. O nome vem das condições em que era feito. Dizem que as prostitutas de beira de estrada ganhavam muito mal e por isto tinham que trabalhar muito e não recusar cliente, no início tropeiros e carroceiros,  depois caminhoneiros e viajantes de toda ordem. Para ganhar tempo faziam comida simples e que não tomasse muito tempo. Suas casas se localizavam nas margens das estradas, o que facilitava tanto para elas como para os fregueses. Essa história é horrível, mulheres absolutamente exploradas por homens pelos passantes. Sempre fico desejando que não fosse verdade!
A receita que vou postar aqui é uma releitura (que palavra horrível!) desse prato tradicional, feito originalmente com arroz e linguiça de porco.


Ingredientes:

2 xícaras de arroz
3 gomos de linguiça de porco (de preferência de pernil)
3 linguiças portuguesas primor ( é uma linguiça bem fina, como um dedo mais ou menos apimentada ou não. Se não encontrar substitua por outra  de sua preferencia: calabresa, paio etc.)
Oléo vegetal
1/2 Cebola média picada
1 tira de pimentão vermelho sem pele
Sal
Páprica
Caldo de Cogumelo

Desmanche a linguiça de pernil e a outra corte em pedaços pequenos, ambas sem o invólucro. Esquente o óleo na panela e jogue a linguiça de pernil. Frite um pouco e jogue a outra linguiça e a cebola. Quando a cebola murchar jogue o arroz e frite normalmente. Junte metade da água quente (2 xícaras) e o sal deixe cozinhar. Na sequência junte o caldo do cogumelo e se for preciso mais um pouco de água. Para cada xícara de arroz calcule duas de água, mas nesse caso vai menos, pois você vai juntar  caldo de cogumelo. Quando estiver cozido junte espalhe por cima salsinha picada. Sirva com um bom parmesão ralado.

Para fazer o caldo de cogumelo, você pode fazer a receita de cogumelos no forno e retirar o caldo para o arroz. Pode também refogar cogumelos na panela e usar o caldo. Refogar cogumelos é muito simples:

Cogumelos limpos e cortados
Azeite de oliva
Alho
Sal
Pimenta do reino
1 folha de loro
Leve ao fogo cozinhe e está pronto. Retire este caldo e use no arroz. Os cogumelos você pode servir como acompanhamento. Fica ótimo e é muito simples.




domingo, 4 de agosto de 2013

Cogumelos no Forno





Minha ligação com cogumelos vem da infância. Me criei no interior  do Rio Grande do Sul, numa vila com poucas casas e muito espaço aberto. Era uma vila cercada de mato e de lavouras para produção de alimentos que eram consumidos ali mesmo. Alguns moradores eram agricultores de profissão, mas a maioria tinha uma pequena venda onde se vendia açúcar, café, fazenda (tecido), bacalhau, sardinha no sal, calçado, querosene etc. Tudo que não se produzia na vila. Tinha uma pequena farmácia, um moinho de trigo, um moinho de milho, uma serraria, um engenho de erva mate.  Meu pai tinha uma ferraria e uma carpintaria onde trabalhavam meus irmãos mais velhos e meu tio. Tinha também um boliche (que chamávamos de bolão), uma rodoviária onde se vendia sorvete. Nos domingos à tarde os homens casados se reuniam lá pra jogar "cinquilho" e, para desespero das mulheres, tomarem algumas cervejas. Ah! esqueci a igreja com missa uma vez por mês. Fiquei muito orgulhoso quando convidaram o Sérgio Damiani e eu para sermos coroinhas. O Latim foi uma descoberta, mas também uma desgraça. Tinha um tal de "confiteor" que a gente sempre acabava enrolando na hora de rezar. Imagine a culpa por acreditar que Deus estava dando bola pra nossa reza!  Mas e os cogumelos? Bem, os cogumelos eram colhidos no mato e nas lavouras perto de casa, sempre quando a terra ficava úmida depois de uma boa chuva. Colhê-los era trabalho das crianças. Tínhamos que fazer isto muito cedo antes do sol esquentar. Minha mãe pegava  o cesto com os cogumelos e separava os venenosos dos que eram comestíveis. Sempre deu certo, ninguém nunca se envenenou. Fazia um grande refogado que comíamos maravilhados. Eram muitos sabores: os cogumelos cortados, um azeitinho de oliva ou na falta deste um pouco de banha de porco, alho amassado, sal e pimenta do reino. Comíamos com polenta e no final lambíamos os beiços e se a mãe não visse o prato também era lambido, com muito gosto!

Ingredientes:

Cogumelos paris ou porto belo (uma bandeja dá para duas pessoas)
1 Fatia de Pimentão vermelho sem pele e picada fina
1 Dente de alho
1 Colher de sobremesa de vinagre balsâmico
2 colheres de sopa de azeite de oliva (se quiser pode por um pouco mais que não vai ficar ruim)
Pimenta do reino moída
sal a gosto
1 folha de louro
Tomilho (opcional) 1 colher de chá de páprica picante (se não tiver, não esquente, fica bom igual)

Mode de Fazer 

Limpe os cogumelos e corte-os em quatro pedaços. Coloque numa assadeira que possa ir à mesa. Misture ao cogumelo os demais ingrediente, mexa bem.  Cubra a assadeira e leve ao forno até o cogumelo ficar cozido.

Hoje fiz para o almoço ficou uma beleza e como ia fazer um Arroz de Puta Pobre retirei o líquido que juntou do cozimento e usei no arroz. Ficou digno de um almoço de domingo para convidados, mas como não tinha convidados, melhor a gente comeu e o que sobrou do arroz vamos esquentar no lanche de noite. De fato ficou muito bom, acompanhado de uma salada muito leve com broto de agrião, de radicheta, rúcula, folhinhas de beterraba e de alface. Claro que não podia faltar um vinho. 
Antes que esqueça lembrei do filme  "O Estranho Que Nós Amamos" com Clint Eastwood e Geraldine Page, dirigido por Don Siegel com música de Lalo Schifrin. É a história de um soldado americano que que na Guerra Civil é encontrado ferida por uma menina interna de uma escola para meninas sulistas. A disputa entre as mulheres apaixonadas pelo soldado acaba num belo jantar com  um maravilhoso prato de cogumelos silvestres.  Se você não viu corra atrás é um filme ótimo!