Os rolos de canela ao fundo foram feitos pelo Xico, meu filho.
Tem receitas que agente faz repetidamente, depois esquece, esta é uma delas. Faz alguns anos que não fazia mais. Na semana passada resolvi fazer. E o motivo foi que viajei para minha cidade - Coronel Bicaco - e na casa do meu irmão o pé de Pecan imenso e carregado faz uma sombra magnífica. As nozes ainda estavam verdes. Mas ficamos embaixo, sentados e jogando conversa fora: quem nasceu, quem casou, quem se formou e óbvio que morreu. Falamos também dos cachorros, dos gatos, dos cavalos e das comidas de infância. Vida simples, miúda, mas muito como sempre sem stress e sem pressa. Só faltaram as laranjas para serem comidas na sombra. Isto me lembrou esta torta, cuja receita vai pra Fabiana, minha sobrinha que me deu a carona pelos 500km de Porto Alegre até lá.
300 gramas de farinha de trigo
2 ovos inteiros
150 gramas de açúcar
150 gramas de manteiga
Junte todos os ingredientes numa tigela e amasse até conseguir uma massa lisa. Reserve.
Cobertura
100 gramas de açúcar mascavo
50 gramas de manteiga
1/2 xícara de glicose de milho (Karo)
3 ovos
200 gramas de nozes picadas
1 pitada de sal
1 colher de café de essência de baunilha opcional
Pique as nozes com a faca em fatias finas ( não use liquidificador nem processador) e reserve. Bata o açúcar com a manteiga até formar formar um creme. Junte os ovos um a um, sempre batendo. Acrescente a glicose, a baunilha bata mais um pouco para ficar tudo bem misturado.
Forre uma forma com papel manteiga, e espalhe a massa na forma. Dê uma pré-assada em forno quente (180 graus) durante uns 10 minutos. Retire do forno e coloque o creme de ovos e por cima espalhe as nozes picadas. Volte a torta para o forno e deixe até a massa ficar dourada. Desenforme com cuidado enquanto a torta estiver morna. É importante ter muito cuidado na hora de desenformar para não quebrar a massa. Se vc quiser pode colocar em um refratário, aí não desenformar.
A visita para minha terra foi muito rápida, mas muito boa. Vi meus irmãos e sobrinhos, colocamos em dia a conversa e aproveitei para matar a saudade da paisagem da região, que nesta época está muito colorida. Lavouras de soja com cores que vão do verde ao marrom, passando pelo amarelo, tudo em vários tons. Terrenos levemente ondulados, horizonte sem fim! Muitas árvores pelas margens da estrada. Tudo muito lindo. Sem nenhum bairrismo é uma paisagem única. Na estrada, na Serra de Lageado, tem uma lanchonete maravilhosa, muito simples, mas muito limpa e que serve polenta assada e sem gordura, (na chapa do fogão de lenha), acompanhada de queijo frito, salame fresco frito - aberto como se fosse um bife, ovo frito de colônia - ou ovo caipira- bem molinho. Chama-se Lancheria do Gringo. Lá vc pode comprar queijos, salames e copas artesanais. E claro, um melado batido que parece um creme. Foi este melado que comi a infância inteira e que só encontro no Rio Grande do Sul. Gosto e consistência únicos, não tem nada a ver com o que se conhece por melado aqui. O que existe aqui é grudento e escorre. Lá existia este também, mas não gostávamos, chamávamos de Melado Cotovelo, porque se passava no pão e ele acabava escorrendo pelo braço e pingava do cotovelo. Lambuzo geral. Quem for ao Rio Grande e gosta de melado procure o tal melado batido. Depois de conhecê-lo duvido que vc continue achando graça nesse tal de melado cotovelo.