domingo, 4 de agosto de 2013

Cogumelos no Forno





Minha ligação com cogumelos vem da infância. Me criei no interior  do Rio Grande do Sul, numa vila com poucas casas e muito espaço aberto. Era uma vila cercada de mato e de lavouras para produção de alimentos que eram consumidos ali mesmo. Alguns moradores eram agricultores de profissão, mas a maioria tinha uma pequena venda onde se vendia açúcar, café, fazenda (tecido), bacalhau, sardinha no sal, calçado, querosene etc. Tudo que não se produzia na vila. Tinha uma pequena farmácia, um moinho de trigo, um moinho de milho, uma serraria, um engenho de erva mate.  Meu pai tinha uma ferraria e uma carpintaria onde trabalhavam meus irmãos mais velhos e meu tio. Tinha também um boliche (que chamávamos de bolão), uma rodoviária onde se vendia sorvete. Nos domingos à tarde os homens casados se reuniam lá pra jogar "cinquilho" e, para desespero das mulheres, tomarem algumas cervejas. Ah! esqueci a igreja com missa uma vez por mês. Fiquei muito orgulhoso quando convidaram o Sérgio Damiani e eu para sermos coroinhas. O Latim foi uma descoberta, mas também uma desgraça. Tinha um tal de "confiteor" que a gente sempre acabava enrolando na hora de rezar. Imagine a culpa por acreditar que Deus estava dando bola pra nossa reza!  Mas e os cogumelos? Bem, os cogumelos eram colhidos no mato e nas lavouras perto de casa, sempre quando a terra ficava úmida depois de uma boa chuva. Colhê-los era trabalho das crianças. Tínhamos que fazer isto muito cedo antes do sol esquentar. Minha mãe pegava  o cesto com os cogumelos e separava os venenosos dos que eram comestíveis. Sempre deu certo, ninguém nunca se envenenou. Fazia um grande refogado que comíamos maravilhados. Eram muitos sabores: os cogumelos cortados, um azeitinho de oliva ou na falta deste um pouco de banha de porco, alho amassado, sal e pimenta do reino. Comíamos com polenta e no final lambíamos os beiços e se a mãe não visse o prato também era lambido, com muito gosto!

Ingredientes:

Cogumelos paris ou porto belo (uma bandeja dá para duas pessoas)
1 Fatia de Pimentão vermelho sem pele e picada fina
1 Dente de alho
1 Colher de sobremesa de vinagre balsâmico
2 colheres de sopa de azeite de oliva (se quiser pode por um pouco mais que não vai ficar ruim)
Pimenta do reino moída
sal a gosto
1 folha de louro
Tomilho (opcional) 1 colher de chá de páprica picante (se não tiver, não esquente, fica bom igual)

Mode de Fazer 

Limpe os cogumelos e corte-os em quatro pedaços. Coloque numa assadeira que possa ir à mesa. Misture ao cogumelo os demais ingrediente, mexa bem.  Cubra a assadeira e leve ao forno até o cogumelo ficar cozido.

Hoje fiz para o almoço ficou uma beleza e como ia fazer um Arroz de Puta Pobre retirei o líquido que juntou do cozimento e usei no arroz. Ficou digno de um almoço de domingo para convidados, mas como não tinha convidados, melhor a gente comeu e o que sobrou do arroz vamos esquentar no lanche de noite. De fato ficou muito bom, acompanhado de uma salada muito leve com broto de agrião, de radicheta, rúcula, folhinhas de beterraba e de alface. Claro que não podia faltar um vinho. 
Antes que esqueça lembrei do filme  "O Estranho Que Nós Amamos" com Clint Eastwood e Geraldine Page, dirigido por Don Siegel com música de Lalo Schifrin. É a história de um soldado americano que que na Guerra Civil é encontrado ferida por uma menina interna de uma escola para meninas sulistas. A disputa entre as mulheres apaixonadas pelo soldado acaba num belo jantar com  um maravilhoso prato de cogumelos silvestres.  Se você não viu corra atrás é um filme ótimo! 

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